segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

CINEMA BRASILEIRO EM DEBATE NA BIENAL


Os desafios para uma gestão de audiovisual mais inclusiva compuseram o tema central do debate que aconteceu na tarde da última sexta-feira (25) no Espaço Cuca da 8ª Bienal da Une, na Praça do Carmo, em Olinda. Os produtores Sandra e Alfredo Bertini, o cineasta Cláudio Assis e o presidente da Agência Nacional do Cinema (Ancine) Manoel Rangel, conversaram sobre os problemas e desafios, dissensos e consensos para o avanço do setor no Brasil nas últimas duas décadas.
A conversa foi aberta com a fala do casal de produtores Sandra e Alfredo Bertini, que contaram sobre a experiência na criação do Cine PE, um dos maiores festivais de cinema do Brasil em número de espectadores. De acordo com Sandra, foi difícil tomar a decisão de largar a carreira de economista para se dedicar ao cinema no país. Porém, ela comemora as conquistas ao longo dos 17 anos do festival.
 ”Hoje nós temos um curso público de Cinema. Isso era algo inacreditável há bem pouco tempo atrás. O nosso festival está inserido dentro do calendário cultural do estado e do país. Creio que tudo isso está ligado à nossa capacidade de organização ao longo dos anos, além da disponibilidade dos governos estadual e federal no lançamento de editais de fomento específicos para a área”, disse ela. 
Alfredo completou destacando o poder do nordeste de alavancar a produção brasileira a partir de 1995. Segundo ele, com o marco do Baile Perfumado, a cadeia produtiva passou a se organizar melhor e gerar mais frutos. “Fico feliz em ver a formação de mão de obra técnica através de oficinas por todo o país. As políticas públicas fazem, realmente, todo a diferença nesse contexto”, afirmou.   
Manoel Rangel destacou a decisão do governo federal de investir em incentivos descentralizados, proporcionando um aumento significativo de lançamentos de longas metragens e do número absoluto de salas de cinema. Além disso, ele enfatizou o espaço conseguido para a produção brasileira nas TVs por assinatura. “É importante ressaltar a transformação da agência para garantir o desenvolvimento do setor. Nossa obrigação é dar condições para o aumento da criação dos produtores. Principalmente agora que, com o amadurecimento do circuito de festivais, já temos um público constituído para os filmes da terra”, explicou.
A voz dissonante da tarde, promovendo um bom debate de ideias, foi a do cineasta Cláudio Assis, que criticou o excesso de burocracia para acessar os dispositivos de financiamento para a produção. “Ainda estamos muito longe do ideal. Não se pode perder tempo com papelada, não gosto do que enquadra, do que domina”, declarou.
Maria Helena Monteiro